quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Textos

"Este sou eu, mas não sou eu
 Ela olha-me do outro canto do bar. O olhar tem aquele distinto sotaque de sedução com o qual só alguns olhos femininos falam. Os franceses, e principalmente os idiotas, chamam-lhe por simplicidade e frustração "Je ne sais quoi" - não há maior exercício na futilidade do que dar a algo que não se sabe o que é o nome de algo que não se sabe o que é. Homens mais inteligentes e sofisticados limitam-se a não lhe dar nome. Eu chamo-lhe A Ilusão, porque aquilo são olhos de uma mulher que sabe o que quer.
E uma mulher não sabe o que quer.
Estes olhos, que são menos olhos e mais reflexos de adagas por tingir, costumam pertencer a mulheres bonitas e inundadas por uma aura de doce tristeza. A característica mais fascinante destas mulheres é a forma como irrevogavelmente, todas as vezes, parecem dizer ao ouvido masculino "Tens lume?" quando na verdade o que dizem é "Tens quem te aqueça a cama? Sinto-me sozinha e preciso de alguém que me engane a tristeza e me faça sentir bonita durante uma hora ou duas".
São o pior tipo de agarradas e de pedintes. Vivem da auto-estima que os outros lhe emprestam.

Morreria de pena delas se não fossem tão convenientes de usar."

O Mundo Hipotético dos Ses

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